Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1142-1 | ||||
Resumo:Staphylococcus aureus é uma das espécies bacterianas de maior relevância no contexto da microbiologia médica, especialmente por sua variedade de fatores de virulência e potencial para a aquisição de resistência aos antimicrobianos. A colonização por este patógeno, que tem como principal sítio as narinas anteriores, favorece o surgimento de infecções. Neonatos estão entre os grupos mais suscetíveis à colonização e infecção por S. aureus, sobretudo prematuros, os que apresentam baixo peso ao nascer ou que fazem uso de dispositivos invasivos. Em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN), amostras de S. aureus, principalmente as que apresentam resistência à meticilina (MRSA), são importantes agentes de surtos, frequentemente associados a quadros de sepse. O objetivo geral deste estudo foi investigar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos e a presença de genes de toxinas em amostras de S. aureus isoladas de neonatos internados na UTIN de um hospital localizado em Vitória – ES entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023. Foram isoladas 59 amostras de S. aureus de 36 pacientes, sendo 47 de colonização, obtidas a partir de swabs nasais, e 12 de amostras de infecções (sangue, líquor, conjuntiva, pústula de tornozelo e catéter). Dez pacientes tiveram mais de uma amostra coletada por swab nasal devido ao longo período de permanência na UTIN. Dentre os pacientes colonizados, três apresentaram infecção por S. aureus. O restante das infecções ocorreu em pacientes sem colonização nasal. A identificação e a susceptibilidade aos antimicrobianos foram realizadas por método automatizado (VITEK 2®). Reações de PCR foram realizadas para a detecção dos genes das toxinas leucocidina de Panton-Valentine (PVL) e da síndrome do choque tóxico (TSST-1) e também para a tipagem do SCCmec das amostras de MRSA. Das 59 amostras, 16 (27,1%) foram de MRSA e 43 (72,9%) foram sensíveis à meticilina (MSSA). Em relação ao perfil de sensibilidade, 81,2% (n=13) das amostras de MRSA apresentaram resistência à levofloxacina e, dentre os MSSA, 62,8% (n=27) foram resistentes à clindamicina, 25,6% (n=11) à gentamicina e 2,3% (n=1) à levofloxacina. Foi realizado o teste D para detecção da resistência induzida à clindamicina e 44% (n=26) das amostras foram positivas, todas de MSSA. Todas as amostras de MRSA apresentaram o SCCmec tipo IV. Em relação aos genes de toxinas, 20,34% (n=12) das 59 amostras apresentaram os genes para a PVL, sendo todas de MRSA (12/16; 75%). Não foi detectado o gene que codifica a TSST-1. Neste estudo foi encontrada uma alta taxa de resistência à clindamicina, exclusivamente em amostras de MSSA. A presença elevada dos genes da PVL em amostras de MRSA-SCCmecIV é preocupante e deve ser monitorada, uma vez que neonatos representam um grupo extremamente vulnerável a infecções por MRSA e a presença deste fator de virulência aumenta a gravidade da infecção. Palavras-chave: Neonatos, Resistência, Staphylococcus aureus, UTIN, Virulência Agência de fomento:Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) |